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Agronegócio

Feijoada é um dos maiores símbolos da culinária brasileira

Convertida em símbolo nacional, a nossa feijoada teria surgido em meados do século XIX. Especialistas da culinária e historiadores indicam que pratos desse tipo – que misturam diversos tipos de verduras, legumes e carnes – são milenares. Remontam, provavelmente, à região mediterrânea e à era do Império Romano. Preparações similares à feijoada, presentes na cozinha latina, seriam o bollito misto e a casouela (Itália), a paella (Espanha), o cassoulet (França) e o cozido (Portugal).

Não obstante, a feijoada apresenta peculiaridades da culinária brasileira. O feijão preto já era conhecido dos índios guaranis, que o chamavam de cumaná. Também de origem americana, a farinha de mandioca foi adotada como um dos componentes alimentares básicos dos europeus e africanos que vieram ao Brasil. Com efeito, roças de mandioca e feijão eram plantadas em vários locais, incluindo espaços domésticos.

O que é feijoada?

Feijoada é um dos pratos mais populares, conhecidos e típicos da ampla variedade apresentada pela culinária brasileira. Sendo composta, essencialmente, de feijão preto, diferentes partes do porco, farinha, linguiça e o acompanhamento de legumes e verduras, é apontada como uma criação dos africanos escravizados em nosso país.

As origens da feijoada

No universo da gastronomia, há distintas hipóteses acerca do surgimento da feijoada. Entre as mais famosas, figura a versão que sustenta que a feijoada atual é oriunda do século XIX, tornando-se verdadeiro símbolo nacional no mesmo período. Outras hipóteses sustentam, por exemplo, que esse prato foi elaborado nas senzalas, pelos próprios escravos, utilizando sobras de alimentos de nobres portugueses.

Sem embargo, é possível afirmar que a feijoada consiste em uma variação de uma preparação bem antiga e tipicamente europeia, que tem, em sua base, a mistura de diferentes tipos de carnes, com verduras e legumes, variando de acordo com a região.

Os invasores portugueses teriam sido os responsáveis por trazer as técnicas e as combinações dos cozidos com carnes. Nesse cenário, com a evolução dos costumes ao longo do tempo, o feijão foi acrescentado.

Sendo assim, embora não seja essencialmente brasileira, mas, antes, uma adaptação da gastronomia europeia, os acompanhamentos como torresmo, laranja, couve, farofa, arroz, entre outros, foram sendo adicionados, pouco a pouco, pelos brasileiros.

A feijoada e a escravidão

O Dia Nacional da Consciência Negra e de Zumbi dos Palmares, celebrado a cada 20 de novembro, foi oficialmente instituído pela Lei 12519/11. Essa data refere-se à morte de Zumbi, em 1695, que era, então, o líder do célebre Quilombo situado entre Pernambuco e Alagoas, no Nordeste brasileiro.

Sua data de morte, revelada pelos historiadores nos anos 1970, motivou integrantes do Movimento Negro, em congresso realizado no ano de 1978 (em plena Ditadura Militar), a elevarem Zumbi ao status de símbolo da resistência e luta dos negros escravizados, bem como das lutas por direitos reivindicados por seus descendentes.

Ao associarmos a gastronomia à rica cultura negra, rapidamente pensamos na célebre e tão querida feijoada, prato típico do Brasil e composto, essencialmente, de feijões pretos, farinha, linguiça, diferentes partes de carne suína e o acompanhamento de legumes e verduras.

Na prática, a feijoada é tida como uma criação culinária de africanos que, escravizados, somente tinham acesso a restos de carnes, como os pés, a língua, as orelhas e o rabo dos porcos.

Feijão preto e a “nobreza” da carne

As partes consideradas menos “nobres” das carnes eram, na verdade, avaliadas dessa forma sob a ótica dos europeus. Os escravos, por sua vez, alimentavam-se somente de água e farinha, dificilmente tendo acesso à carne.

Há, conforme mencionado, desde a antiguidade europeia, um tipo de prato, variando de acordo com as características de cada região, que sempre tem por base a mistura de diferentes tipos de carne, com verduras e legumes.

O feijão preto, porém, advém da América do Sul, estando presente na dieta dos indígenas mesmo antes da chegada dos invasores europeus. Com efeito, os povos indígenas já conheciam tal ingrediente, ao passo que, na Europa, vários tipos de feijões eram comumente usados na preparação de inúmeras receitas, como a utilização de feijões brancos no cassoulet francês.

A feijoada, portanto, não pode ser creditada como originalmente brasileira, mas, antes, uma evolução e adaptação de culturas com berço europeu. Conforme mencionado, os acompanhamentos como a couve manteiga e o torresmo só foram introduzidos bem mais tarde.

Receita de feijoada

Agora que conhecemos um pouco mais acerca da história e das polêmicas que rondam a origem desse prato tão característico, chegou a hora de aprender a fazer uma deliciosa receita de feijoada. Vamos lá?

Ingredientes

Para preparar uma deliciosa feijoada em sua casa, você precisará de:

Como preparar feijoada?

Para preparar essa deliciosa receita, coloque, em sua panela de pressão, os feijões lavados, o lombo defumado, o rabo, o pé e a orelha. Acrescente água. Feche a tampa e, tão logo a panela comece a pegar pressão, marque 5 minutos.

Após esse tempo, retire a pressão, abra a panela e transfira o conteúdo para outra ainda maior. Adicione água quente (pelo menos, 3 dedos acima do nível do feijão preto). Coloque as linguiças, a carne seca e as costelinhas. Deixe ferver e adicione água toda vez que julgar necessário, a fim de que os grãos fiquem macios, mas ainda inteiros e firmes.

Em uma frigideira, à parte, coloque óleo de soja (ou azeite, se assim preferir), adicione a cebola picada e deixe até que ela se torne transparente. Reúna o alho e refogue. Acrescente, em sua frigideira, uma concha de feijão e misture ao refogado. Leve tudo para a sua panela com o feijão.

Em seguida, retire as linguiças e os pedaços maiores para fatiá-los. Novamente, retorne tudo à panela, misture bem e deixe apurar, até que o caldo da sua feijoada esteja brilhante e levemente grosso. Depois, é só servir e apreciar!

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