Lixiviação pode ter infertilidade e erosão do solo como consequências
O desmatamento e as queimadas são algumas das causas que deixam o solo desprotegido e sujeito ao processo conhecido como lixiviação. A água da chuva é uma das responsáveis pelo processo de empobrecimento do solo.
Por isso, regiões tropicais e equatoriais são mais propícias de sofrerem com esse fenômeno. No entanto, também pode ocorrer em áreas com declives, morros e montanhas. O emprego do termo lixiviação não é usado somente em relação à erosão natural do solo, mas também em outros processos de metalurgia.
O que é lixiviação?
Lixiviação é um processo erosivo que pode ser natural (ou não) em decorrência da lavagem da superfície do solo. A chuva em contato com área desnuda, isto é, sem camada de folhagem em terreno ligeiramente inclinado, arrasta os sais minerais presentes no solo para as camadas mais profundas ou para os lençóis freáticos.
Tal ocorrência inicia um processo erosivo. A lixiviação pode ser natural ou ocorrer em razão da ação do homem.
Quando o terreno naturalmente não conta com uma camada vegetal protetora, a lixiviação passa a ser natural conforme a frequência das chuvas.
Quando o solo tem tal camada retirada por ação do homem, a erosão passa a ser atípica. Nesse caso, passa a ser provocada, uma consequência da interferência do homem na natureza. Essa interferência pode se dar através de queimadas, desmatamentos e pastoreios.
A lixiviação provocada tende a intensificar o processo de erosão e destruir completamente o solo. Isso pode deixá-lo infértil e em condição de sofrer graves deslizamentos.
Esse processo é diferente do intemperismo e da decomposição química.
Intemperismo
O intemperismo é a degradação natural e gradativa do solo com o contato diário com a água, vento e constantes variações de temperatura.
Dentro do intemperismo há duas variações: o intemperismo químico e o físico.
O químico se dá quando há uma transformação, uma decomposição de minerais de rochas de primários para secundários. É quando uma rocha desestrutura-se e o material que a compõe passa a ser um novo material. Este, portanto, é formado a partir da ação da água, por exemplo, a argila. Esse material passou pelo processo de intemperismo químico.
Quanto ao intemperismo físico, ocorre com a fragmentação do solo, quebra de partículas que se dividem em pequenos segmentos. Essas deteriorações do solo ocorrem de maneira gradual e natural, diferente da lixiviação, que tem seu poder de erosão acelerado devido a fragilização dos solos.
As consequências da lixiviação
Em termos de plantação, a lixiviação pode ser um desastre. Isso porque, quanto mais minerais preciosos a água da chuva levar, mais velozmente as raízes das plantas alcançarão a rocha matriz. Tal ocorrência, assim, terá o papel de estagnar o crescimento das plantas.
Uma vez a água alcançando a rocha matriz, ela não terá mais por onde ser absorvida. A consequência disso, portanto, é o encharque do solo, que poderá prejudicar a plantação existente no local.
Com menos solo disponível, a capacidade de armazenamento de água será cada vez mais diminuída. Quanto mais raso ficar o solo, menos poderá absorver água. Tal deficiência se mostrará um grande problema nas épocas secas. O plantio certamente sentirá, mais severamente, os efeitos desse período.
Lixiviação na metalurgia
Em campos como metalurgia ou áreas correlatas, usa-se uma técnica também nomeada como lixiviação. Tal técnica consiste na separação de metais de valor de um minério valendo-se de uma solução aquosa. Esse mesmo processo é usado para promover a remoção de impurezas, que recebe o sugestivo nome de lixiviação inversa.
Faz todo sentido. Se, na primeira, a intenção é separar materiais de valor, no processo inverso tenta-se separar e captar impurezas presentes nos minerais.
A lixiviação induzida, isto é, provocada por agentes que não o natural, a água da chuva, usados em metalurgia, é chamada de lixiviação química.
A ideia é bem parecida com a lixiviação natural. Apesar de se tratar de apenas uma consequência natural dos fenômenos da natureza seguirem o seu curso, o fato é que ocorre uma extração de substâncias presentes no interior de um componente sólido.
A lixiviação, assim, tenta reproduzir o mesmo procedimento, mas utilizando componentes artificiais, químicos, realizando uma extração racionalizada, direcionada, planejada para tal fim.
Outro tipo de lixiviação é a técnica chamada “sob pressão”. Esse método busca a dissolução, a trituração de sais de cobre dos minerais ou de outra substância que os contenham. Essa trituração ocorre pelo uso de ácido sulfúrico ou amônia.
Lixiviação no concreto
Até agora discorremos sobre a lixiviação do solo, mas saiba que não é apenas na terra onde é possível fazer lixiviação. Há outra categoria chamada de lixiviação do concreto.
Troca-se o solo pelo concreto. E o processo é parecido porque em ambos os casos a água é a causadora do desgaste quando os atingidos se encontram em estado frágil. No solo, como já se comentou, a fragilização decorre da ação do homem que erradica a camada vegetal protetora.
No caso do cimento, o desgaste acontece quando este se encontra em seu estado mais puro, sem qualquer tipo de adição. A hidratação que o cimento recebe forma um composto que é conhecido como hidróxido de cálcio.
Quando o cimento fica exposto ao contato da água, essa substância se dissolve e escoa do material. Tal remoção, então, é chamada de lixiviação do concreto.
Em um primeiro instante, seus efeitos negativos são mais estéticos do que de segurança. A locomoção dos cristais do hidróxido de carbono ocasiona o depósito de sais que, por sua vez, forma manchas brancas na superfície do concreto.
Os que desconhecem as causas do surgimento de tais manchas chegam a pensar que se trata de um enfraquecimento ameaçador da estrutura. No entanto, tal mudança costuma ocorrer sem provocar abalos.
O que não significa que uma perigosa deterioração não possa ocorrer devido à lixiviação no concreto. Quando se encontra em estado muito avançado, o enfraquecimento favorece a entrada de substâncias nocivas ao próprio concreto, que é o caso do CO2, que uma vez em contato com o material pode provocar corrosão.
Outras substâncias como cloratos e sulfato podem provocar danos maiores. A melhor forma de evitar lixiviação é não promover queimadas, desmatamentos e pastoreios.