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Pecuária

Piauçu é espécie valorizada no mercado dos pescados

Piauçu

Adaptável, de rápido crescimento e com carne saborosa, o piauçu é um peixe apropriado para a criação em cativeiro. O peixe de nome científico Leporinus macrocephalus, pertence ao gênero Leporinus, assim como a piapara (Leporinus obtusidens/Leporinus elongatus) e o piau (Leporinus friderici/Leporinus reinhardt).

O piauçu e seus “primos” são peixes de água doce pertencentes à família Anostomidae e ordem Characidae, sendo característico aos peixes do gênero Leporinus a boca pequena com dentes incisivos. Sua dentição se assemelha a de roedores, como é o caso dos coelhos e ratos.

  1. Como é o peixe piauçu?
  2. Alimentação do piauçu
  3. Como criar piauçu?
  4. Aquário para piauçu
  5. Como pescar piauçu?
  6. Habitat e comportamento do paiuçu


Como é o peixe piauçu?

O piauçu é o maior peixe do gênero Leporinus, sendo um peixe de escamas com corpo alongado e boca terminal. Sua coloração é cinza, podendo possuir tons esverdeados, e seu ventre é amarelo.

Os peixes mais jovens podem apresentar listras em seus flancos. Já o peixe adulto pode ter três manchas escuras e alongadas, porém, se o peixe for muito grande, pode não apresentar nem as listras nem as manchas.

O peixe piauçu é o maior do seu gênero, podendo pesar 10 quilos e medir cerca de 80 centímetros. Porém, em média, o seu peso varia entre 1,5 quilo e 4 quilos.

Também conhecido como piavuçu, ele pertence ao grupo de peixes de água doce, sendo de origem da bacia do Rio Paraguai e estando presente em toda região do baixo Rio Paraná e Pantanal. Pode ser encontrado tanto no Pantanal Mato-grossense quanto nos estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais. O peixe habita:

Alimentação do piauçu

O peixe piauçu é onívoro, comendo desde vegetais até crustáceos, sendo muito fácil de ser alimentado. Entretanto, caso esteja criando o peixe, é necessário uma boa alimentação do mesmo através de rações balanceadas. Assim, poderá assegurar uma criação de qualidade, garantindo uma engorda rápida e saudável.

Se o peixe for bem alimentado, em apenas um ano de vida poderá alcançar cerca de 1,2 quilo. Além disso, nesse mesmo período de apenas um ano, o macho pode atingir sua maturidade sexual. Já as fêmeas podem atingir em dois anos.

Pode-se utilizar rações peletizadas e extrusadas, sendo facilmente encontradas em lojas especializadas em produtos agropecuários. O recomendado é que o peixe seja alimentado de duas a três vezes ao dia, variando a porcentagem de proteína e tamanho da refeição de acordo com a sua fase de vida.

Como criar piauçu?

O piauçu é extremamente cobiçado para criação em cativeiro, pois possui crescimento rápido e se adapta bem a espaços pequenos, como por exemplo tanques escavados. Dessa forma, o peixe não exige grandes investimentos.  Além, é claro, do benefício da facilidade para alimentar esse peixe, que aceita diversos tipos de alimentos.

Outro ponto positivo para criação desse peixe, é que sua carne é considerada extremamente saborosa e suave. Além disso, o piauçu que possua mais de 2 quilos pode atingir altos preços de mercado, o que atrai a atenção de pescadores.

O peixe também é encontrado em estabelecimentos de “pesque e pague”, além de poder ser utilizado na ornamentação de grandes aquários, lagos e tanques.

Nesse caso, os elementos na ornamentação são indiferentes, mas arranjos formados por raízes e rochas podem deixar o piauçu mais à vontade. O aquário deve ser mantido bem fechado, para que o peixe não pule para fora. Além disso, a água deve ser filtrada e sem a presença de amônia.


Aquário para piauçu

As decorações dos aquários para acomodar o piauçu são, relativamente, indiferentes. No entanto, um determinado arranjo natural com raízes e rochas pode deixar o peixe mais à vontade, à medida que ele terá grandes áreas abertas para nadar.

Assim como quaisquer espécies de peixes de ambientes lóticos (ou ecossistemas de água doce), o piauçu demonstra intolerância à existência de amônia, requerendo uma impecável filtragem da água para prosperar.

Nesse meio tempo, os aquários devem ser mantidos bem tampados, pois a espécie tende a pular para fora. Só para exemplificar, como o comportamento desse peixe é gregário, ele deve ser mantido em, pelo menos, seis espécimes vivendo conjuntamente.

Em primeiro lugar, apesar de haver um certo nível de disputa entre eles, uma forte hierarquia será formada. De acordo com essa definição do grupo, eles passam a se comportar de forma pacífica.

Antes de tudo, quando o piauçu é mantido individualmente, poderá se tornar bastante agressivo, sobretudo com peixes de cores e formatos semelhantes. Desse modo, diante de outras espécies de hábito sedentário ou natação mais lenta, poderá mordiscar suas nadadeiras.

Como pescar piauçu?

Ao passo que milhares de pescadores e turistas visitam as regiões supracitadas em busca de vivenciar a emoção de pescar piauçus, vale a pena mencionar as questões referentes ao dimorfismo sexual e a reprodução da espécie antes de partirmos para as dicas de pesca.

Dessa maneira, enquanto ovíparo, o piauçu realiza totalmente a sua desova no processo biológico mais conhecido como piracema. Isto é, o peixe realiza longas migrações para se reproduzir, chegando a percorrer mais 4 km, em um único dia, nadando contra a correnteza.

Além disso, é um peixe mais forte, por exemplo, do que a piapara. Ainda mais relevante, isso pode explicar os motivos que o levam a ser uma das mais fortes espécies dentre as que são capturadas com ceva.

Embora ele possa atingir até 8 kg e, assim, ser capaz de quebrar muitos anzóis e linhas, o piauçu é um animal onívoro, comendo um pouco de tudo. Ademais, isso permite que sejam capturados com os mais diversos tipos de iscas, tais como:

Em termos práticos, tanto quanto a variedade alimentícia, as opções de isca dependem, em grande medida, dos conhecimentos dos pescadores.

A ceva

Decerto, a melhor forma de fazer uma excelente ceva para piauçus é prática e simples. Em muitos pesqueiros, são usados apenas grãos de milhos atirados na água antes da pescaria.

Acima de tudo, muitos criadores colocam, diariamente, cerca de 5 kg em um ponto específico, forçando os piauçus a se deslocarem sempre ao mesmo local para se alimentarem.

Igualmente, para que os peixes sejam mantidos durante todo o dia em volta dos pesqueiros, é bastante comum a prática de deixar uma garrafa (embalagem pet) de 2 litros repleta de ceva e com pequenos furos.

Por causa de tal medida, os peixes ficam roendo o milho que, paulatinamente, vai caindo da garrafa. Com toda a certeza, esse é um dos métodos ideais para atrair os peixes.

Para quem não pode atirar o alimento diariamente nos locais desejados, é altamente recomendável realizar o procedimento, pelo menos, sete dias antes da pescaria, desde que em quantidades maiores. Por exemplo, com um saco de 60 kg de milho.

Assim, em 3 ou 4 dias antes da pesca, aplique um pouco mais de ceva a fim de assegurar a concentração de peixes no ponto almejado. Como resultado, uma boa dica consiste em utilizar, também, rama de mandioca ou grãos de soja na mistura oferecida aos peixes.

Linha na água

Mesmo que seja extremamente forte, sempre que um piauçu é fisgado, a fricção do molinete ou da carretilha é testada. Logo após, ela deverá ser regulada para a próxima pescaria, visando evitar falhas.

Do mesmo modo, caso esteja demasiadamente apertada, o equipamento se romperá, uma vez que a pegada dos peixes grandes é bastante violenta. Porquanto esteja solta, as chances de o exemplar levar a linha ao enrosco serão grandes, uma vez que esse peixe briga muito e luta de todas as formas para se livrar do anzol.

Ainda que essas dificuldades não possam ser negligenciadas, você pode superá-las ao reforçar o seu equipamento. Surpreendentemente, o arranjo indicado demanda varas de 6’ de comprimento e linhas com resistência de até 25 lb.

Ainda assim, lembre-se que as varas com pontas mais sensíveis são as mais indicadas. A saber, os piauçus, como as piaparas, são muito astutos ao atacarem as iscas.

Desse modo, é preciso ficar atento para identificar o melhor momento para fisgar o peixe. Por mais que você seja um pescador experiente, não deixe de usar linhas de monofilamento de 0,40 mm, 3 anzóis número 14 e um líder de, pelo menos, 0,50 mm.

Com o intuito de garantir o sucesso da sua pescaria, as iscas podem ser variadas. Em contraste com outras espécies, porém, a que surte o maior efeito são os tradicionais grãos de milho cozidos e fermentados. Assim que essa isca não estiver disponível, a massa e o minhocoçu são boas alternativas.

Formas de captura

Há, essencialmente, duas formas de pescar o espécime em questão em lagos. De conformidade com isso, a primeira técnica tende a ser aplicada em ocasiões com pouco vento, permitindo ao piauçu carregar sua isca até que chegue o momento exato da fisgada.

Enfim, os pescadores devem arremessar o chumbo e deixá-lo tocar no fundo. Certamente, quando isso ocorrer, a linha deverá ser deixada frouxa, a fim de formar a chamada “barriga”.

Às vezes, quando a linha estica, temos um claro indicador de que o piauçu atacou. Bem como o recolhimento, a partir desse instante, deve ser rápido, o pescador precisa sentir que seu peixe já está “firme” o bastante para iniciar a fisgada.

Posteriormente, quando houver bastante vento, a pesca com linhas frouxas não é indicada. Com o fim de obter um bom resultado, a linha deve ser mantida bem esticada.

Em princípio, a obtenção desse efeito pode ser alcançada com um chumbo maior, ou seja, capaz de reduzir o efeito do vento e fazer a isca permanecer por mais tempo no mesmo local.

De tal sorte que, se você optar por essa modalidade, deverá ficar atento ao momento da fisgada. Principalmente, porque o ataque do piauçu é tão intenso que a vara pode ser tirada da sua mão. Em outras palavras, o piauçu pode se comportar como os pacus, que colocam as iscas em suas “costas” e, simplesmente, vão embora.

Força do piauçu

Assim também, se você for pescar em rio, a prática recomendada é bastante semelhante à colocada em ação para fisgar piaparas. Outrossim, você deve usar um chicote de cerca de 1 metro e um anzol de número 14.

Por outro lado, será necessário um chumbo que consiga segurar a isca ao longo da correnteza, mas o tamanho exato ficará a seu critério. Conforme as melhores experiências, no entanto, lembre-se: quanto maior a força das corredeiras, tanto maior deverá ser o peso.

Da mesma forma, independentemente da situação específica da pesca, seja em lago ou rio, sem vento ou com vento, nunca será uma tarefa fácil vencer um piauçu. Primeiramente, a musculatura do peixe é desenvolvida a tal ponto que o deixa extremamente forte e cheio de recursos para se libertar.

Em contrapartida, muitos pescadores comparam essa capacidade como o resultado de uma espécie de combinação entre a força natural do pacu, a astúcia dos tucunarés (que carregam as iscas até o mato para se soltarem) e a agilidade das piaparas.

Como se sabe, o piauçu representa um prato cheio para quem aprecia a pescaria de ceva e gosta da piapara, oferecendo muitas emoções aos pescadores. Enquanto se divertem, os pescadores devem observar que a pesca da espécie é permitida, somente, fora dos períodos da piracema.

Semelhantemente, no famoso Lago de Itaipu e no Rio Paraná, o piauçu é considerado uma espécie alóctone, isto é, vive ali apesar de não ser originária do local. Depois que entendemos essa característica, fica mais fácil perceber por que ele é fisgado com menor frequência durante os meses de inverno.

Habitat e comportamento do piauçu

Contudo, uma recente pesquisa realizada na USP (Universidade de São Paulo) mostrou que as características comportamentais e físicas do piauçu se modificam segundo as condições ambientais que o peixe vivencia durante o seu desenvolvimento.

Nos experimentos conduzidos, os cientistas criaram descendentes a partir de uma única fêmea junto a aquários com configurações diferentes, com a ausência ou presença de cascalhos e plantas.

Antes de mais nada, verificou-se que, transcorridos oito meses, os peixes desenvolveram diferentes formatos de corpo e de boca. Inegavelmente, o posicionamento das nadadeiras e a forma como buscavam alimentos também variaram sensivelmente segundo o ambiente.

Com efeito, os autores avaliaram que as informações colhidas indicavam que os fatores ambientais influenciam decisivamente no desenvolvimento larval da espécie, mediante um processo chamado de “plasticidade fenotípica”.

Por analogia, os pesquisadores demonstraram que processos inerentes ao desenvolvimento larval (que englobam a expressão dos genes que dirigem a construção de certos tecidos como músculos, ossos e tendões) sofrem a influência inequívoca de sinais ambientais.

Por certo, há outros estudos que articulam os dados genéticos com os elementos fenotípicos. Sobretudo, analisam a relação entre fatores ambientais isolados com um traço único do fenótipo.

Já que o conhecimento científico apontava nessa direção, o estudo mencionado buscou integrar a complexidade de diversos ambientes às condições de alimentação, avaliando os efeitos de distintas combinações de ambos os fatores do desempenho locomotor, no comportamento e na morfologia dos piauçus.

Quatro ambientes

Uma vez que, na pesquisa, foram divididos mil alevinos com até 1 mês de vida em aquários de diversas configurações, os pequenos piauçus, nesses criadouros, foram alimentados de maneiras diferentes.

Com a finalidade de assegurar o rigor científico da observação, no primeiro ambiente chamado de “superfície”, existia vegetação somente nessa parte do aquário e, também, apenas nesse local os peixes eram alimentados.

No ambiente que recebeu o nome de “generalista”, além da vegetação superficial, foi colocado um complexo substrato, composto por plantas e cascalhos no fundo. Por isso, os alimentos ficavam disponíveis nos dois níveis desse aquário.

Nesse hiato, o terceiro ambiente foi denominado de “substrato com fundo complexo”. A fim de reproduzir uma nova situação, apesar de sua semelhança com a segunda configuração, não existiam plantas superficiais e a alimentação era oferecida somente no fundo do criadouro.

Primordialmente, no quarto ambiente, denominado de “substrato com fundo simples”, existia somente água. Assim como na configuração anterior, os alevinos recebiam alimentos somente no fundo do aquário.

Portanto, os animais passaram por análise após oito meses. No momento em que realizaram a avaliação, foram considerados aspectos como a morfologia (em comparação com a posição das nadadeiras e da boca em relação ao formato do corpo), o comportamento e a performance de natação.

Resultados das análises

Sob o mesmo ponto de vista, muitas alterações foram observadas, principalmente na área da cabeça, em relação à média apresentada pela espécie. Similarmente, os cientistas apontaram um deslocamento substancial no posicionamento do rostro, em muitos casos, voltado para cima.

Conquanto foram identificadas variadas posições de nadadeiras e corpos mais achatados, outras modificações foram observadas.

Para que as alterações se tornassem ainda mais perceptíveis, os indivíduos criados nos ambientes “generalista” e “superfície” desenvolveram rostros com as bocas mais para cima que os peixes nos ambientes “substrato simples” e “substrato complexo”. Nestes, a alimentação era oferecida somente no fundo.

Os espécimes na configuração de “superfície” desenvolveram corpos expandidos no ventre e mais robustos. Aliás, os piauçus do ambiente “generalista” ficaram mais achatados e alongados.

Em segundo lugar, os animais alimentados no fundo dos criadouros (“substrato simples” e “substrato complexo”) desenvolveram bocas voltadas para baixo e corpos mais achatados no ventre.

De tal forma, a posição das nadadeiras variou conforme o ambiente no qual os alevinos foram criados. Em suma, outra marcante diferença ocorreu entre os animais de ambientes “generalista” e de “substrato complexo”. Estes apresentaram caudas mais altas e longas, bem como nadadeiras peitorais próximas ao rostro e nadadeiras adiposas (estrutura relativamente pequena localizada entre a nadadeira dorsal e a cauda), posicionadas perpendicularmente ao corpo do piauçu.

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