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Agronegócio

Própolis é mistura de pólen, cera e resinas vegetais que abelhas coletam

Diversos estudos científicos comprovam que a própolis potencializa a imunidade do organismo humano e, recentemente, avançam indícios de que ela pode atuar no combate ao câncer

Você sabe de onde vem o própolis? Na agitada rotina de uma colmeia, uma das maiores preocupações do grupo é a manutenção da saúde. Por esse motivo, as abelhas dedicam suas energias na coleta de resinas encontradas na vegetação, a fim de produzir a própolis, um remédio poderoso.

As abelhas operárias se encarregam de vedar, com esse preparado, todas as frestas, de modo a aproveitar da melhor forma possível as suas propriedades biológicas e físicas. Com efeito, a própolis isola a colmeia do ambiente externo. Assim, mantém a temperatura ideal e impede a entrada de chuva e vento. Dessa forma, a área fica protegida de fungos, vírus e bactérias potencialmente mortais aos insetos.

O que é própolis?

Própolis é uma substância resinosa que é obtida por abelhas, por meio das colheitas de resinas provenientes da flora (o “chamado pasto apícola”). Essas resinas são modificadas pela atuação de enzimas presentes na saliva dos insetos. O aroma, o sabor e a cor da própolis variam segundo sua origem botânica.

O termo é, em nossa língua, um substantivo de 2 gêneros. Ele se origina da junção das palavras gregas pro (em favor de) e polis (cidade). Ou seja, para a defesa, o bem da cidade, nesse caso, a colmeia.

Na Antiguidade, as portas das cidades eram chamadas de própolis. Posteriormente, Plínio, naturalista romano, utilizou a palavra (em sua versão latina) para nomear a cera extraída das polpas de árvores, com as quais as abelhas cobrem as entradas de suas colmeias, visando protegê-las, conforme mencionado, contra bactérias e fungos.

As propriedades fungicidas e antibióticas da substância eram conhecidas, desde as primeiras civilizações, por sacerdotes egípcios, filósofos gregos e médicos romanos. Além disso, certos povos originários da América do Sul também conheciam seus benefícios.

O vocábulo própolis vincula-se, mediante a palavra polis, com muitos termos de nosso idioma, tais como “metrópole” (que significava, originalmente, “a cidade principal”) e “político” (“relativo à cidade”).

Polis, por seu turno, encontra sua origem no sânscrito pur (que pode ser traduzido como “cidade fortificada”), que consta, por exemplo, no nome da nação de Singapura – a cidade dos leões.

A própolis e o mercado apicultor

Esse mercado é composto por diversos produtos, entre os quais, destacam-se, além da própolis:

Entretanto, a própolis e o mel são os que agregam mais valor ao Brasil, dadas as características e peculiaridades das produções regionais. A própolis, por exemplo, é rica em aminoácidos e vitaminas, fazendo com que seja aproveitada em vários ramos industriais.

Devido aos benefícios do própolis, ele pode combater fungos e bactérias, agindo como um excelente antibiótico natural. Possui efeitos cicatrizantes, anestésicos, antioxidantes e anti-inflamatórios. Cumpre ressaltar que apresenta, ainda, as mesmas propriedades imunomoduladoras que as glutaminas.

À medida que, no Brasil, existe uma imensa variedade em termos de flora, esse fator reflete-se, também, na produção da própolis. Toda essa variedade se expressa pela combinação entre variadas plantas, dando origem a produtos particulares de cada região. Isso leva o setor a adquirir maior destaque e competitividade no cenário internacional e nacional.

Um bom exemplo disso pode ser encontrado na própolis vermelha do estado de Alagoas. Ela possui uma certificação específica do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), internacionalmente reconhecida. Esse status, então, confere ao produto o direito à chamada “propriedade intelectual autônoma”.

As condições de vegetação e clima colaboram para as produções desse tipo. Minas Gerais, por exemplo, produz cerca de 30 toneladas, respondendo por mais de 70% do conjunto da produção brasileira. Esses dados são do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Japão

No Japão, por exemplo, um frasco de extrato de própolis é vendido por mais de 13 mil ienes (ou US$ 120), segundo informações da Organização Japonesa de Comércio. Por volta de 93% de toda a própolis consumida provém do Brasil.

Ademais, de acordo com dados da Secretaria do Desenvolvimento e da Agricultura, os artigos mais consumidos no inverno são o mel com própolis e sprays que os combinam a outros produtos (alecrim, gengibre, menta, guaco, agrião, entre outros).

A pureza do mel brasileiro

Não é possível falar em própolis sem citarmos, também, o mel, enquanto um dos produtos apícolas de maior procura no mercado internacional.

O mel brasileiro é amplamente reconhecido pela sua pureza. É exportado para a Europa e Estados Unidos, onde esse produto tem enorme aceitação devido à sua alta qualidade.

Ao passo que, em outras nações, o mel é utilizado somente como alimento, em nosso país ele adquire outras aplicações, uma vez que não é necessário ter como usar própolis apenas para finalidades alimentícias: ele também é usado no mercado cosmético, para a fabricação de hidratantes, cremes e máscaras faciais.

Segundo a Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel), o Brasil exporta 28 mil toneladas, atingindo um faturamento de US$ 122 milhões.

Carlos Alberto Domingues, empresário paranaense, é o maior dos exportadores brasileiros, com 6 mil toneladas anuais (ou 12% de toda a produção nacional). Domingues envia seus produtos a países como Austrália, Canadá e Estados Unidos, assim como para a União Europeia.

Para atender toda essa demanda, Domingues conta com cerca de 3 mil apicultores por todo o Brasil. Esses produtores fornecem mel em quantidade suficiente para atender os mercados internacionais (há filiais no Maranhão e no Ceará).

Na atualidade, a China é o maior produtor mundial, com algo em torno de 500 mil toneladas anuais.

Arábia Saudita

O mercado apicultor do Brasil recebeu com entusiasmo a permissão da Arábia Saudita para a importação do mel e da própolis brasileira, assim como os demais produtos apícolas que são produzidos em nosso país.

A aprovação do CSI (Certificado Sanitário Internacional) resultou de gestões feitas pelo governo brasileiro junto às autoridades sauditas, com o decidido auxílio do adido agrícola. É, em suma, mais um mercado que se abre para o Brasil. Isso contribui para diversificar a pauta de exportáveis e ampliar a participação do Brasil no agrobusiness internacional.

Sem embargo, as exportações se encontram na ordem de US$ 130 milhões. O Brasil atingiu uma participação de 7% nesse segmento. Assim, projeções futuras indicam, a partir dessa abertura comercial para a própolis (e outros itens associados), um montante de exportações que acrescente outros US$ 5 milhões.

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