Agronegócio

Em baixa do dólar, como o agro é impactado?

Em baixa do dólar, como o agro é impactado?

O cenário econômico global é constantemente influenciado por diversos fatores, e um deles é a variação do dólar. No Brasil, um país tradicionalmente “Agro”, o setor representa um dos pilares da economia. Mas apesar do destaque interno do segmento, as oscilações cambiais podem ter efeitos significativos sobre os produtores rurais e o agronegócio como um todo. Contudo, você sabe exatamente as consequências da variação do dólar sobre o agro?

Commodities ou Ouro?
A cotação do dólar possui papel crucial para o setor agro brasileiro devido a um único motivo: exportações. Afinal, a economia agrícola adotada no Brasil induz um posicionamento passivo no mercado global, com a principal parcela da produção interna sendo destinada para as exportações. As exportações do agro brasileiro aumentaram de 20,6 Bilhões de dólares para 96,9 bilhões de dólares, entre os anos 2000 e 2019, com destaque para soja, carnes, milho, algodão e produtos florestais.

Com a eclosão da pandemia, o Brasil se destacou na dianteira das produções globais, e viu os dados de seu Agronegócio explodirem em decorrência a queda da produção global (escassez), e o peso favorável da balança comercial, com o setor lucrando mais pela alta variação do dólar no período.

Em uma economia global contracionista, derivada da pandemia, os juros globais foram impulsionados pelos bancos centrais em busca de conter a inflação gerada pela escassez e redução da mão de obra global. Afinal, com os trabalhadores em casa, quem iria produzir?

Com o alto juro e a retração da economia global, a principal moeda do planeta ganhou força perante aos seus pares, devido a sua forte reserva de valor. Principalmente contra os países emergentes

preço do dólar americano em reais

Além disso, as commodities também passaram por um rally devido às restrições sociais da pandemia que afetaram a produção global. Ademais, o conflito entre Rússia e Ucrânia também auxiliaram a “pesar” os valores dos principais insumos produzidos por aqui.

índice de preço das commodities até abril de 2022

Fonte: Um dos melhores anos das exportações do agronegócio, 2022

O resultado desta equação? Um alto superavit da balança comercial brasileira. Em 2022, o agronegócio brasileiro apresentou um crescimento significativo nas importações até setembro. Durante esse período, o valor total das importações aumentou em impressionantes 56,2%, chegando a US$ 43,3 bilhões. A maior parte das importações estava relacionada ao setor da agroindústria, somando US$ 38,6 bilhões, com destaque para os insumos agropecuários, que cresceram surpreendentes 99,9% até aquele momento, totalizando US$ 27,9 bilhões.

Dentre os produtos agrícolas importados, o trigo e outros cereais tiveram um destaque especial, representando US$ 2,3 bilhões em importações até setembro de 2022.


Apesar do crescimento considerável nas importações, foi superado pelo desempenho das exportações brasileiras nesse período. Isso resultou em um saldo comercial positivo para o agronegócio brasileiro de US$ 81,8 bilhões ao longo do ano, sendo que somente em setembro desse mesmo ano, o superávit foi de US$ 9,4 bilhões, marcando um aumento de 47,6% em comparação ao mesmo mês de 2021.

Em baixa do dólar: Efeitos sobre o setor agropecuário

Após um longo ciclo de valorização, o dólar vem perdendo força frente a moeda brasileira nos últimos dias.

A recente queda do dólar tem gerado preocupação entre os produtores rurais brasileiros, especialmente aqueles que exportam parte de sua produção. A desvalorização da moeda norte-americana frente ao real pode resultar em uma redução do valor recebido pelas commodities vendidas ao exterior. Isso acontece porque os preços dos produtos agrícolas são cotados em dólar nos mercados internacionais, e uma moeda nacional mais forte implica em menor retorno financeiro em reais para os produtores.

Impacto na competitividade das exportações

A baixa do dólar pode afetar a competitividade das exportações agrícolas brasileiras. Com um real mais valorizado, os produtos nacionais tendem a se tornar mais caros em comparação com os de outros países concorrentes, o que pode levar a uma redução nas vendas externas. Para mitigar esse efeito, os produtores e exportadores podem buscar melhorar a eficiência na produção e reduzir os custos logísticos, a fim de manter sua competitividade no mercado internacional.

Importações e custos de produção

Embora a baixa do dólar possa impactar negativamente as exportações, ela pode ter um efeito benéfico sobre as importações de insumos e maquinários utilizados na produção agropecuária. Com a moeda norte-americana desvalorizada, os custos em reais para adquirir produtos importados tendem a diminuir. Isso pode resultar em maior acessibilidade a tecnologias avançadas e insumos de qualidade, contribuindo para a modernização e o aumento da produtividade no setor agropecuário brasileiro.

Diversificação de mercados

Uma estratégia para reduzir a vulnerabilidade causada pelas oscilações cambiais é a diversificação de mercados. Os produtores podem buscar expandir suas exportações para países que tenham moedas mais estáveis em relação ao real. Além disso, o estímulo à demanda doméstica e a conquista de novos mercados internos também podem ajudar a equilibrar os impactos da baixa do dólar sobre o setor agropecuário brasileiro.

O papel das políticas governamentais

Diante dos desafios impostos pela baixa do dólar, o governo brasileiro pode desempenhar um papel fundamental na adoção de políticas que apoiem o setor agropecuário. Medidas de incentivo à exportação, como a simplificação de processos logísticos e a redução de impostos sobre as vendas externas, podem ajudar a impulsionar as exportações agrícolas e minimizar os efeitos da desvalorização cambial.

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